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Aeróbico em jejum queima mais gordura?

Autor: Lucas Romariz Paitl – Graduando em Nutrição pela Unigran Capital.


Seja no mundo dos esportes de alto rendimento, ou no cotidiano dos praticantes de atividades físicas, a busca por melhores resultados sempre caminha ao lado de seus praticantes.


Diversas estratégias são desenvolvidas e executadas para que o atleta ou a pessoa, consiga melhorar cada vez mais seu rendimento e alcançar melhores resultados.


Hoje falaremos sobre uma estratégia que visa a otimização da oxidação de lipídios, mais especificamente do Aeróbico em jejum ou AEJ. Muito utilizada por aqueles que desejam perder ou "queimar" gordura ou até mesmo perder peso mais rapidamente. Veremos o que as evidências cientificas nos dizem sobre essa prática.



Será que funciona? Se funcionar, é eficiente? Discutiremos essas perguntas a seguir.


Para começarmos, é importante definirmos que o objetivo principal dessa prática não é o ganho na saúde, e sim, a melhora da oxidação de gorduras. Tendo isso em mente, vamos em frente.


A oxidação da gordura é feita dentro da célula, os ácidos graxos presentes no citoplasma celular devem ser ativados pela adição da coenzima A (CoA) formando uma Acil-CoA. Essa unidade ativada irá entrar para a matriz mitocôndrial para iniciar o processo de oxidação. No processo da β-oxidação dos ácidos graxos um ciclo de 3 reações sucessivas acontecem e são idênticas à parte final do ciclo do ácido cítrico: desidrogenação, hidratação da ligação dupla formada e oxidação do álcool a uma cetona.


A estratégia por trás do AEJ é que, com o corpo em estado de jejum, ele será “forçado” a oxidar as reservas de gorduras para obter a energia durante o exercício. Dessa forma, elevaria a taxa de oxidação lipídica para a obtenção de energia durante o exercício. E de fato esse seria o caso, se a fisiologia não fosse um pouco mais complexa.

Boa parte da gordura a ser oxidada durante o exercício aeróbico não vem diretamente da pochetinha ou dos flancos. Essa reserva está armazenada na forma de triglicerídeos intramusculares, pronta para ser rapidamente oxidada e se tornar biodisponível e utilizada.


Shimadak et al (2012) demostrou em seu artigo que comparando exercício realizado no estado pré-absortivo (jejum), com o exercício no estado pós-absortivo (estado alimentado), percebeu que oxidou mais gordura e economizou mais carboidratos no corpo, sem afetar o gasto energético de 24 horas, no estado pós-absortivo. A partir da informação podemos observar que no período pós-absortivo, ou seja, após a digestão, tivemos uma melhora na oxidação de gorduras e algo tão importante quanto, a preservação de carboidratos, que por sua vez possuem a função de serem poupadores de proteína. Mas esse último é assunto para outra hora. Vamos em frente.


Vieira et al. (2016) nos trás uma abordagem diferente, dizendo que existe sim uma maior oxidação de gordura no estado de jejum (pré-absortivo). O principal achado desta revisão sistemática com meta-análise é que a realização de exercícios aeróbicos em intensidade baixa a moderada em jejum induz um aumento significativo (3,08 g) na oxidação de gordura enquanto o exercício está sendo realizado.


Nenhuma diferença foi observada na variação das concentrações de ácidos graxos não esterificados, do inglês (NEFA) entre o exercício realizado nos estados de jejum versus alimentado. No entanto, maiores variações nas concentrações de glicose e insulina foram observadas quando o exercício foi realizado no estado alimentado (VIEIRA et al., 2016).


Mas se continuarmos no artigo veremos a seguinte informação.


“Conforme descrito anteriormente, está bem estabelecido que as concentrações plasmáticas de NEFA são maiores nos estados de jejum em comparação com o estado alimentado. No entanto, nossos resultados indicam que a magnitude da variação, de antes para depois do exercício, não parece diferir entre os estados de jejum versus alimentação".


Em geral, durante os primeiros 15 minutos de exercício, as concentrações plasmáticas de NEFA diminuem, pois, a taxa de utilização nos músculos excede a taxa de liberação induzida pela lipólise. Após esse período, a taxa de liberação excede o uso nos músculos e as concentrações de ácidos graxos no plasma aumentam. Com base nos resultados fornecidos nesta meta-análise, esse evento parece ocorrer de maneira semelhante nos estados de jejum e alimentação (VIEIRA et al., 2016).


Isto posto, podemos levar em consideração que existem evidências apontando que no frigir dos ovos, ao menos, não existe uma diferença significativa em ambos os casos.


Mas então, isso significa que não se deve fazer aeróbico em jejum? De forma alguma! Se o indivíduo não possuir enfermidades e seu plano dietético estando ajustado por um profissional capacitado, é plenamente possível realizar AEJ de forma rotineira. Se for realizar na rua, lembre-se de passar protetor.


Até a próxima!

Fontes:


Shimada K, et al, Effects of post-absorptive and postprandial exercise on 24 h fat oxidation, Metabolism (2013), http://dx.doi.org/10.1016/j.metabol.2012.12.008.



Vieira AF, Costa RR, Macedo RC, Coconcelli L, Kruel LF. Effects of aerobic exercise performed in fasted v. fed state on fat and carbohydrate metabolism in adults: a systematic review and meta-analysis. Br J Nutr. 2016 Oct;116(7):1153-1164. doi: 10.1017/S0007114516003160. Epub 2016 Sep 9. PMID: 27609363. <https://www.cambridge.org/core/journals/british-journal-of-nutrition/article/effects-of-aerobic-exercise-performed-in-fasted-v-fed-state-on-fat-and-carbohydrate-metabolism-in-adults-a-systematic-review-and-metaanalysis/0EA2328A0FF91703C95FD39A38716811>

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