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Foto do escritorGabriel Alves Penkal

Rota Bioceânica - Mato Grosso do Sul (MS) uma oportunidade de crescimento para o estado

Atualizado: 20 de jun. de 2022


De acordo com Ecoa (2020), a Rota de Integração Latino Americana (RILA), ou Rota Bioceânica, é um corredor rodoviário com extensão de 2.396 quilômetros, que permite a ligação do Oceano Atlântico aos portos de Antofagasta e Iquique, no Chile, passando por Paraguai e Argentina.


Segundo as autoridades de infraestrutura, seria uma alternativa ao Porto de Santos (SP), encurtando distância e tempo para as exportações e importações brasileiras entre mercados da Ásia, Oceania e Costa Oeste dos Estados Unidos.

Fonte: Site Rotabioceânica (2022)



O termo bioceânico se refere à junção dos portos do Atlântico ao Pacífico, criando nova alternativa para escoamento de grãos, desafogando os portos de Santos e Paranaguá e fomentando o uso dos portos chilenos de Iquique, Mejillones e Antofagasta. (ASATO, Thiago et al., 2019)


Figura 01: Ilustração do trajeto da rota

Fonte: Site Ecoa (2020)


No estado de Mato Grosso do Sul, a rodovia atravessa a parte sul do Pantanal, mais precisamente no município de Porto Murtinho (MS) que está situado às margens do rio Paraguai, na área de fronteira.


Porto Murtinho (MS), foi escolhida como cidade palco para a construção da ponte rodoviária que ligará o Brasil à cidade Carmelo Peralta, no Paraguai. A obra, foi orçada em 75 milhões de dólares, tem o aporte para a construção da Itaipu Binacional, com previsão de término para 2023.


Dentre as Vantagens apontadas pelos responsáveis do projeto, destaca-se a redução do tempo de viagem que é gasto tanto para a importação quanto para a exportação dos produtos entre o Brasil e a Ásia (ROTABIOCEÂNICA, 2022).


O porto de Xangai na China recebe os produtos do porto de Santos em São Paulo, mas o tempo de transporte das mercadorias é de 49 dias, a nova rota possibilitará uma redução de 14 dias no período, mudando do porto de Santos para o porto de Antofagasta no Chile em direção a Xangai.


Os envolvidos neste projeto preveem um crescimento econômico per capita de pelo menos 7% do PIB nos países desenvolvidos. Fruto deste projeto é o desenvolvimento da atividade produtiva como geração de emprego, empreendedorismo, criatividade e inovação e o incentivo de micro, pequenas e médias empresas.



No preâmbulo da Agenda 2030 da ONU (2015) está escrito que os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e as 169 metas de tal documento estimularão a ação para os próximos 15 anos em áreas de importância crucial para a humanidade e para o Planeta, como assegurar que todos os seres humanos possam desfrutar de uma vida próspera e de plena realização pessoal, e que o progresso econômico, social e tecnológico ocorra em harmonia com a natureza.


As orientações e balizas da Agenda 2030 deixam clara a importância crucial do desenvolvimento sustentável em suas dimensões econômica, social e ambiental. O aspecto econômico, por si só, não necessariamente significa desenvolvimento humano e social, na medida em que dividir apenas os problemas com a sociedade e não as benesses econômicas geradas. O desenvolvimento econômico precisa estar associado a políticas públicas inclusivas de geração de emprego e renda e, ainda, com a educação e a saúde das pessoas.


Não resta dúvida de que Porto Murtinho e todos os territórios por onde passará o Corredor serão bastante impactados, positiva ou negativamente. Porto Murtinho, que nos interessa mais diretamente, será passagem obrigatória de todos que saem do país pelo Corredor e também por todos que entram. Conforme dados do IBGE, divulgados na página oficial da Prefeitura, trata-se de um município bem pequeno, com menos de 16 mil habitantes, que certamente passará a ter sérios problemas de saneamento básico e infraestrutura urbana. De modo que estas questões também precisam estar na agenda da Prefeitura e do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul.


Os Grupos de Trabalho e os Seminários sobre o Corredor Bioceânico, realizados com a participação de governos, empresas e universidades, a partir de 2016, são fatores positivos e via de formação de capital social em torno de tal corredor.


Os impactos sociais e ambientais decorrentes do Corredor, que aparecem muito pouco nos discursos oficiais, precisam ser debatidos pelos grupos de trabalho e pela sociedade, para que tal empreendimento possa, de fato, trazer desenvolvimento para todos e não somente para os grupos exportadores, de logística, ou de transporte.



Referências:


ASATO, Thiago Andrade; GONÇALVES, Débora Fittipaldi; WILKE, Erick Pusck. Perspectivas do Corredor Bioceânico para o Desenvolvimento Local no estado de MS: o caso de Porto Murtinho. Campo Grande, v. 20, n. spe, p. 141-157, junho, 2022. Disponível em: https://www.scielo.br/j/inter/a/nNwDdprmgvYhH7KhD64qTgN/?lang=pt#. Acesso em: 16 jun. 2022.


GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL. Investimentos de Estado, União e Município preparam Porto Murtinho para a Rota Bioceânica. Disponível em: http://www.rotabioceanica.com.br/index.php/2022/03/21/investimentos-do-estado-uniao-e-municipio-preparam-porto-murtinho-para-a-rota-bioceanica/. Acesso em: 16 jun. 2022.


MARQUES, Humberto. Rota bioceânica reduzirá em 14 dias tempo de chegada à Ásia, diz Nelsinho. Campo Grande News, Campo Grande, 22, agosto. 2019. Disponível em: https://www.campograndenews.com.br/economia/rota-bioceanica-reduzira-em-14-dias-tempo-de-chegada-a-asia-diz-nelsinho. Acesso em: 16 jun. 2022.


MIRANDA, Maria Geralda da; FRIEDE, Reis; AVELAR, Kátia. Capital social e os desafios do Corredor Bioceânico. INTERAÇÕES, Campo Grande, MS, v. 20, n. 2, p. 211-224, abr./jun. 2019 . Disponível em: https://doi.org/10.20435/inter.v20iespecial.2538. Acesso em: 16 jun. 2022.

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