A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, considerada, atualmente, um dos principais problemas de saúde pública, com prevalência cada vez mais crescente em todo o mundo. Nesse cenário, destaca-se o impacto da obesidade como fator de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, a exemplo do diabetes mellitus, cirrose hepática não alcoólica, câncer e doenças cardiovasculares, com reflexo na qualidade de vida da população (Nyberg et al., 2018; WHO, 2021). A avaliação do estado nutricional dos indivíduos na perspectiva do diagnóstico da obesidade em âmbito epidemiológico é realizada por meio do índice de massa corporal (IMC), o qual é calculado pela relação entre o peso (em quilogramas), dividido pelo quadrado da estatura (em metros) do indivíduo, sendo o indicador utilizado mundialmente para classificar o estado nutricional da população. Esse indicador apresenta pontos de corte estabelecidos para considerar a definição de obesidade em indivíduos na fase adulta, conforme mostra o Quadro 1.
QUADRO 1- CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL DE ADULTOS SEGUNDO O IMC
O fenótipo obesidade com peso normal é caracterizado pelo IMC na faixa de eutrofia (18,5 a 24,9 kg/m2) e pelo percentual de gordura corporal elevado (homens, ≥ 23,5%, mulheres, ≥ 29,2%), acúmulo de gordura visceral, bem como pela inflamação crônica de baixo grau acentuada, com risco de doença cardiometabólica. Os indivíduos com tal fenótipo apresentam pressão arterial sistêmica significativamente mais elevada, glicemia de jejum e perfil lipídico alterados, quando comparados a indivíduos eutróficos (Goossens, 2017).
Figura 1 - Principais características dos fenótipos da obesidade.
Fonte: adaptação de De Lorenzo et al. (2016).
Figura 2 - Caracterização dos fenótipos da obesidade metabolicamente saudável e não saudável.
Fonte: adaptação de Goossens (2017) e Iacobini et al. (2019).
A World Obesity Federation (2022) classifica o Brasil como um país de “alto risco nacional de obesidade” , atribuindo um escore de 7,5 em uma escala de 10. A epidemia: pesquisadores afirmar que 68% dos brasileiros poderão estar com excesso de peso até 2030.
Figura 3 – Prevalência de sobrepeso e obesidade em adultos por região.
Fonte: adaptado de Pesquisa Nacional da Saúde (2020).
Fatores contribuintes
Indústria alimentícia = importantes modificações nos produtos ricos em açúcares e gorduras, que são na sua grande maioria ultraprocessados. Estudos realizados sobre o consumo alimentar na população infantil revelam que o percentual de energia constantes nas dietas são provenientes de ultraprocessados: no Brasil é de 25%, 34% na Colômbia, 48% no Canadá e 58%. nos EUA (Poti et al., 2017).
Figura 4 – Ilustração de produtos ultraprocessados produzidos pela indústria.
Fonte: a autora (2024).
Influência esmagadora da mídia na obesidade infantil que se estende para a vida adulta. O papel de ambientes como o lar e a escola é extremamente importante, uma vez que é neles que a população tem acesso aos alimentos saudáveis ou não (Deiss e Cintra, 2021).
Figura 5 – Ilustração da mídia em alimentos.
Fonte: a autora (2024).
Figura 6 – Consumo de frutas e hortaliças e ultraprocessados por região
Fonte: adaptado de Pesquisa Nacional de Saúde (2020).
Figura 7 – Atividade física
Fonte: adaptado de Pesquisa Nacional de Saúde (2020).
Fatores psicológicos: aumento do estresse e da ansiedade. Perfil cognitivo disfuncional = erro no padrão alimentar e baixa autoestima.
Figura 8 – Fatores genéticos envolvidos com a obesidade.
Referências Bibliográficas
DEISS, K. A.; & CINTRA, P. A influência da mídia na obesidade infantil na segunda infância. Brazilian Journal of Health Review. Curitiba, v.4, n.3, p.11205-11219 Disponível em: https://doi.org/10.34119/bjhrv4n3-124.2021. Acesso em: 08 set. 2021.
DE LORENZO, A. et al. New obesity classification criteria as a tool for bariatric surgery indication. World J Gastroenterol, v. 22, n. 2, p. 681-703, 2016.
GOOSSENS, G. H. The metabolic phenotype in obesity: fat mass, body fat distribution, and adipose tissue function. Obesity Facts, v. 10, n. 1, p. 207-215, 2017.
IACOBINI, C. et al. Metabolically healthy versus metabolically unhealthy obesity. Metabolism, v. 92, n. 1, p. 51-60, 2019.
NYBERG, S. T. et al. Obesity and loss of disease-free years owing to major non-communicable diseases: a multicohort study. Lancet Public Health, v. 3, n. 10, p. e490-e497, Oct. 2018.
POTI, J. M. et al. Ultra-procesed food intake and obesity: what really matters for health – processing or nutrient content? Curr Obes Rep, v. 6, n. 4, p. 420-431, 2017.
WHO. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Classificação do estado nutricional segundo IMC. 2000.
WORLD OBESITY FEDERATION. World obesity atlas 2022. London, 2022.
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