Especificidades corporais observadas na prática de Ginástica Artística (GA)
Na prática de GA, a forma e a aparência física são importantes determinantes para o bom desempenho esportivo, portanto, é exigido das atletas uma composição corporal específica, que favoreça os movimentos dessa modalidade. As preocupações e exigências por parte muitas vezes das próprias atletas tendem a levar ao desenvolvimento de hábitos nutricionais errôneos, resultando em baixa ingestão energética, e consequentemente um baixo peso corporal, que interfere tanto na saúde física e mental quanto no desenvolvimento desportivo (BORTOLETO, 2007).
De acordo com Peltenburg et al., (1984), as ginastas em geral, são mais baixas, magras e musculosas do que as praticantes de outras modalidades esportivas, e quando comparado a adolescentes não atletas da mesma idade, os resultados são os mesmos, porém, não há estudos que comprovam que essas características são provocadas por treinamento ou influência dos treinadores e preparadores isoladamente.
Tabela 1: Valores de estatística descritiva (médias e desvio padrão) para as informações antropométricas analisadas em um estudo descritivo transversal de Gonçalves, L. A. P.; e colaboradores, 2010.
Figura 01: Análise de Peso Corporal e IMC de ginastas do sexo feminino, em comparação com um estudo de Frisancho (1993).
Por meio de análise dos valores obtidos, é possível concluir que o peso corporal é um fator preocupante, visto que se encontra abaixo dos valores de referência definidos por Frisancho, portanto, a principal causa pode ser uma nutrição defeituosa, caracterizada por um elevado gasto energético e baixo valor energético total (VET) diário.
Figura 02: Informações de Antropometria Nutricional de ginastas do sexo feminino, em comparação com Frisancho (1993).
A avaliação antropométrica foi realizada na faixa etária de 13-19 anos, as ginastas apresentam grande parte dos valores abaixo da referência proposta pelo estudo de Frisancho, caracterizando déficits de gordura corporal, massa magra e métricas de membros superiores e inferiores.
Acredita-se que os resultados obtidos são relacionados ao perfil nutricional e nutrição do atleta, o comportamento alimentar é o principal fator acusado de acordo com as federações de Ginástica, esse fator prejudica o consumo adequado de nutrientes para a prática esportiva, grande parte das ginastas acreditam que para se alcançar um bom desempenho deve-se comer pouco e se manter em baixo peso corporal.
Como é a nutrição do ginasta
O consumo de micronutrientes é vantajoso em qualquer modalidade esportiva, ao observar uma dieta com adequado consumo de cálcio em atletas de ginástica, é obtido uma boa resposta na diminuição de risco de desenvolvimento de fraturas, osteoporose e inibição do crescimento ósseo, principalmente em atletas adolescentes em fase de desenvolvimento.
As ginastas rítmicas (GR), estão entre as atletas que apresentam maior frequência de dano ósseo e complicações associadas. (JUZWIAK et al., 2000).
Ao analisar uma recomendação nutricional do Canadá e América do Norte, a proporção adequada de macronutrientes para atletas de diferentes modalidades se encontra em valores estimados de 60% a 65% de carboidratos não mais do que 30% do total energético de gorduras e 1,5 g/kg do peso corporal/dia de proteínas.
Sherman (1995) recomenda um consumo diário de 8 a 11 g de carboidrato/Kg/dia para treinos intensos e que se concentram em 2h ou mais de atividade, considerando que ginastas profissionais treinam em média de 2h a 2h e 30min por dia em mais de um turno, o consumo de carboidratos para estes atletas é elevado e fundamental para a performance.
O valor recomendado para o consumo de proteína se encontra-se entre 1,2g a 2,0g/Kg/dia conforme as recomendações da Sociedade Brasileira de Nutrição Esportiva (SBNE).
Segundo Tarnopolsky (1993), a elevada ingesta proteica não promove ganhos significativos tanto na recuperação muscular quanto na promoção de força e resistência, o principal papel da proteína é a recuperação das fibras micro-lesionadas durante a atividade e propiciar uma maior conservação da massa muscular já existente, impedindo que o metabolismo reaja com oxidação e obtenção de energia através dos aminoácidos.
Referências:
GONÇALVES, L. A. P.; BARROS FILHO, A. A.; GONÇALVES, H. R. Características antropométricas de atletas de ginástica rítmica. Arq. Ciênc. Saúde Unipar, Umuarama, v. 14, n. 1, p. 17-25, jan./jun. 2010. Disponível em: https://revistas.unipar.br/index.php/saude/article/download/3399/2302. Acesso em: 15/06/2022.
MORGANI, Bianca; MENDES, Aline. Avaliação Do Perfil Nutricional De Atletas De Ginástica Artística e Sua Associação com os Transtornos Alimentares. Revista Corpoconsciência, Santo André - SP, n. 01, v. 15, p. 18-37, jan/jun., 2011. Disponível em: https://periodicoscientificos.ufmt.br/ojs/index.php/corpoconsciencia/article/view/3529/247. Acesso em: 14/06/2022.
RIBEIRO, Beatriz; SOARES, Eliane. Avaliação do estado nutricional de atletas de ginástica olímpica do Rio de Janeiro e São Paulo. Rev. Nutr., Campinas, Campinas - SP, n. 15, v. 02, p. 181-191, maio/ago., 2002. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/26371270_Avaliacao_do_estado_nutricional_de_atletas_de_ginastica_olimpica_do_Rio_de_Janeiro_e_Sao_Paulo/link/56994ffd08aea14769433996/download. Acesso em: 14/06/2022.
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