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Café: o cafezinho após o almoço, ajuda ou atrapalha a digestão?

Autor: Lucas Romariz Paitl - Graduando em Nutrição pela Unigran Capital.



"Senhor aceita um cafezinho” – Diz o garçom após recolher todos os pratos da mesa. “Sim, mas sem açúcar por favor” – Responde o cliente fazendo um sinal positivo com a cabeça.  


Ele então toma a sua xícara de café preto sem açúcar na esperança de que a bebida espantará a letargia causada pela ação da insulina e o peso da comida em seu estômago.


O costume de ingerir a bebida no pós-almoço é muito comum, principalmente em restaurantes. Esta prática amplamente difundida é feita com o objetivo de auxiliar a digestão dos alimentos.

Discutiremos brevemente o impacto que o café, especificamente a cafeína, tem em nosso trato gastrointestinal. Será que contribui no nosso processo digestivo e esvaziamento gástrico.

 

Segundo (NEHLIG, 2022) ao tomar o café ativamos a secreção da Alfa-amilase salivar (sAA), enzima envolvida na digestão de polissacarídeos. Logo, o impacto do café no nosso trato gastrointestinal, assim como de qualquer outro alimento, começa na boca.  


Ao chegar no estomago, diversas respostas acontecem. As glândulas gástricas secretam Ácido Clorídrico (HCI) e enzimas como a pepsina, quimosina e lipase. Cada uma delas, juntamente ao ácido clorídrico, executam funções específicas na nossa digestão.  


A pepsina, possui a função de desdobrar as proteínas em peptídeos mais simples. Porém só atinge o seu pico de ação em pH ácidos (até 3). A quimosina atua na caseína do leite e a converte em Paracaseína. Essa por sua vez, reage com os saís contidos no cálcio do leite, convertendo-a em uma proteína insolúvel chamada coalho. O coalho será digerido pela pepsina e pela tripsina quando chegar no intestino delgado. E por último, a Lipase Gástrica, que tem a função de hidrolisar as gorduras em gliceróis e ácidos graxos para serem absorvidos posteriormente.


O café e seus componentes complementares como os polifenóis então estimulam a produção e secreção da gastrina e mais ácido clorídrico.  


O café cafeinado estimula a secreção de gastrina de forma mais eficaz ao se comparar com os descafeinados. Esse efeito foi observado com o produto tanto na versão moída quanto na solúvel. Observando a revisão literária feita por NEHLIG (2022), apesar desta capacidade, a bebida não acelerou o esvaziamento gástrico.


Um fato interessante é que o processo de beneficiamento do café influencia nessa secreção. A depender do grau de torra do alimento, sua eficácia em estimular e liberar o ácido gástrico se altera. Cafés mais torrados e escuros são menos eficazes. O autor sustenta essa informação atribuindo à maior presença de N-metilpiridinio e a menor quantidade de ácidos clorogênicos, trigonelina e β N - alcanoil- 5-hidroxitriptamidas. (NEHLIG, 2022).  


Relata também que a cafeína não influencia na rapidez do esvaziamento do estômago. Mostra que apenas um estudo relatou que a meia vida do esvaziamento gástrico foi reduzida em indivíduos que receberam a cafeína em comparação aos indivíduos controle.



Referências


Gounaris AK, Grivea IN, Baltogianni M, Gounari E, Antonogeorgos G, Kokori F, Panagiotounakou P, Theodoraki M, Konstantinidi A, Sokou R. Cafeína e tempo de esvaziamento gástrico em recém-nascidos muito prematuros. Jornal de Medicina Clínica. 2020; 9(6):1676. https://doi.org/10.3390/jcm9061676.


Nehlig A. Effects of Coffee on the Gastro-Intestinal Tract: A Narrative Review and Literature Update. Nutrients. 2022; 14(2):399. https://doi.org/10.3390/nu14020399.







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