Os hábitos alimentares são influenciados por inúmeros fatores de ordem genética, socioeconômica, cultural, étnica, religiosa, entre outros. As Características do cuidador e de como ele se relaciona com a criança impactam diretamente na forma como a criança irá lidar com os alimentos.
A interação durante a refeição pode ter duas vertentes: positiva e negativa. A positiva corresponde à alimentação do tipo responsiva, na qual, para Black & Aboud (2011), ‘‘deve haver atenção e interesse na alimentação da criança; atenção aos seus sinais internos de fome e saciedade; a sua capacidade de comunicar e a progressão bem-sucedida para alimentação independente’’. Já a negativa pode ser chamada de alimentação sem resposta, caracterizada por falta de reciprocidade entre o cuidador e a criança, ora o cuidador assume o controle e domina, ora a criança controla a situação.
O comportamento e a interação que ocorrem durante o momento da refeição entre mãe-filho/cuidador-criança é tipificado como responsivo, autoritário e passivo. Os dois últimos caracterizam a alimentação não responsiva. Por outro lado, o estilo responsivo está mais associado à formação de práticas alimentares adequadas, assim como o desenvolvimento da autorregulação do apetite pela criança. Alguns dos componentes da alimentação responsiva que são eficazes e estimulam a ingestão de alimentos e incluem: respostas positivas com sorridos; contato visual e palavras de incentivo; alimentação lenta e paciente; oferecer alimentos para a criança comer sozinha.
A alimentação não responsiva, ocorre quando os cuidadores assumem o controle da alimentação, não reconhecem ou valorizam os sinais emitidos pela criança em relação à fome e saciedade, o que gera falta de estímulo à alimentação. Ou por outro lado, quando o cuidador pode se tornar negligente ou permitir que a criança domine a situação, por não entender ou valorizar as expectativas da criança.
Quando a recusa da criança a se alimentar é entendida como uma rejeição e ela é obrigada a consumir a refeição, pode haver tensão e frustração, tanto para quem alimenta a criança quanto para ela. Em média, são necessárias no mínimo oito exposições a um alimento inicialmente rejeitado para que ele seja aceito pela criança.
Por fim, vale destacar que não só o que a criança come é importante, como também como, quando, onde e quem a alimenta. Cabe ao cuidador a responsabilidade de ser sensível aos sinais da criança e aliviar tensões durante a alimentação; enquanto é papel da criança expressar os sinais de fome e saciedade com clareza e ser receptiva às tentativas de alimentação.
Referências:
- Black MM, Aboud FE. Responsive feeding is embedded in a theoretical framework of responsive parenting. J Nutr. 2011; 141:490-4
- Silva GAP, Costa KAO, Giugliani ERJ. Infant feeding: beyond the nutritional aspects. J Pediatr. (Rio J) [Internet]. 2016 May; 92(3):2–7. Available from: https://doi.org/10.1016/j.jped.2016.02
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